Brasileiros que conheceram 78 países e dirigiram 130 mil quilômetros contam experiências da viagem.
Eles
têm os números na ponta da lingua: foram 1.317 dias, quase 130 mil
quilômetros rodados de carro, 3.158 horas dirigindo, 78 países no
roteiro e muitas, muitas histórias para contar. Três anos e 7 meses
depois de partirem em uma viagem de carro pelo mundo, o casal Leonardo
Spencer, de 32 anos, e Rachel Paganotto, de 30, está de volta ao Brasil.
Os dois paulistanos, que em 2013 largaram uma vida confortável e um
salário alto no mercado financeiro para viajar – e muitas vezes, dormir -
em uma Land Rover, passaram pelos cinco continentes no percurso (leia reportagem sobre o ínício da viagem).
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Rachel Paganotto e Leonardo Spencer em Dubai (Foto: Divulgação/Viajo Logo Existo) |
Fanáticos por números, colecionaram estatísticas como os dias sem banho
(17) ou de banho frio (51), as fotos que tiraram (87 mil), os dias de
chinelo (361) e os desarranjos intestinais (33 ela, 18 ele), que foram
publicando no site do projeto, chamado Viajo Logo Existo.
O balanço, dizem, foi muito positivo. Segundo o casal, o que mais valeu
a pena foi a oportunidade de conhecer não só o lado turístico das
capitais e grandes cidades, mas também os pequenos municípios que
encontravam na estrada.
“Foi muito interessante ver os contrastes culturais. Passamos dois
meses na Índia, por exemplo, e dormimos em cidadezinhas onde as pessoas
nunca tinham visto um ocidental. Passávamos na frente de um casamento e
eles imploravam para a gente participar, abraçar os noivos, porque
acreditam que ter um estrangeiro na celebração dá sorte”, conta Rachel.
Entre os países mais diferentes que conheceram, eles citam a Coreia do
Norte – onde se surpreenderam ao ver que as pessoas “levam uma vida
normal”, apesar de todo o controle de uma das ditaduras mais fechadas do
mundo – e a República Democrática do Congo. Nesse ultimo país, tinham
que andar escoltados por guardas de metralhadora e colete anti-balas.
“Eles sempre tinham que avisar onde íamos, chamar por rádio para ver se
era seguro”, lembra Leonardo. “Mas foi lindo ver os gorilas da
montanha. Também escalamos um vulcão e vimos o maior lago de lava do
mundo. Nunca vimos algo assim tão diferente. Foi surreal”, descreve.
Austrália e Portugal foram os países onde mais deu vontade de ficar para sempre. Já o Zimbábue e a Sérvia não encantaram.
Surpresas boas e ruins
A viagem teve também seus apertos. Eles foram roubados no Chile, por
exemplo, por golpistas que levaram seus equipamentos de fotografia
enquanto eles trocavam o pneu do carro, que tinha sido furado de
propósito. No México, tiveram uma arma apontada para eles, devido a um
mal-entendido com policiais comunitários.
Na Índia, foram obrigados a passar 10 dias em uma cidade sem nenhuma
estrutura, em um hotel com ratos, enquanto esperavam o carro ser
consertado.
Mas nunca pensaram em interromper a viagem antes da hora. “Tinha
momentos em que a gente se cansava de todo dia estar em um lugar
diferente, comer uma coisa diferente, não saber se ia ter banho quente.
Mas aí parávamos mais tempo em algum hotelzinho para descansar. A gente
sentia saudade, mas nunca chegamos a pensar em voltar”, diz Rachel.
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O casal na Grande Barreira de Corais, na Austrália (Foto: Divulgação/Viajo logo existo)
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A hospedagem foi parte na casa de moradores locais, parte acampando no
próprio carro e, por fim, algumas noites em hotéis, hostels ou casas
alugadas.
O fato de serem do Brasil abriu portas, e eles dizem que foram muito
bem recebidos e não tiveram nenhum problema em fronteiras.
O orçamento também passou pouco do que eles tinham estipulado no início
da viagem: a previsão era US$ 100, e eles gastaram uma média de US$ 108
por dia, contando comida, hospedagem, combustível, passagens aéreas,
gorjetas e todos os outros gastos.
As viagens também renderam livros, lançados por meio de financiamento
coletivo: um sobre a América, outro sobre a Europa, outro sobre a África
e, por fim, um quarto sobre a Ásia e a Oceania, que eles pretendem
lançar em fevereiro de 2017.
Agora, os planos de Rachel e Leonardo são matar a saudade dos amigos e
da família, e rodar o Brasil fazendo palestras sobre a viagem. Ainda não
sabem como farão para retornar ao mercado de trabalho, mas uma coisa
eles garantem: vão continuar viajando, mesmo que em um esquema "mais
normal", com fugidas de de 20 ou 30 dias, para sair da rotina.
Via: http://g1.globo.com - Por: Flávia Mantovani, G1
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